Tabernáculo Eterno - Apresentação

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Texto de Bezerra de Menezes apresentando-nos a obra e preparando-nos o espírito para as novas e surpreendentes lições que Adamastor agora nos traz:

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" - Jesus (João 8:32)

O homem comum, que repousa no cárcere físico, não desconfia que um panorama inimaginável se estende além das fronteiras da morte. Algemado a um cérebro acanhado que impõe acerbos limites às potências do seu ser divino, não reconhece que sua apoucada vida, átimo da eternidade, é fugaz ocorrência a carreá-lo para as peremptórias paisagens do Infinito. Consolado, o adepto da terceira revelação guarda, todavia, a certeza de que o milagre da existência prossegue sem cessar após o túmulo, a produzir renovadas e surpreendentes manifestações nos ilimitados campos da vida.

Entrementes, companheiro do mundo, não julgues que a mera transposição pelos umbrais da morte nos é facilitado acesso ao plano superior ou meio eficaz para romper os grilhões da inferioridade que ainda nos atêm no relativismo das formas. Não, em absoluto. Morrer consiste simplesmente em abandonar a parte mais grosseira de nossa roupagem, pois prosseguimos na jornada de retorno aos longínquos páramos divinos.

Apesar de acolhidos em nova e admirável realidade, afirmamos-te que o desenlace apenas nos faculta o encontro com nós mesmos, ao vestir-nos com a indumentária das nossas mais recônditas intenções, adornada pelo produto de nossos atos. Portanto não esperes, jamais, pela transformação substancial da natureza que nos serve na afanosa vilegiatura da evolução.

O cético surpreende-se com a infinita extensão das paragens da vida que se lhe desfraldam ativas e operosas, a proporcionar-nos todos os meios para a continuidade da marcha evolutiva, que não se detém. Já o cristão devoto decepciona-se ao não encontrar o prometido céu, reconhecendo-se muito distante de Deus e do seu séqüito de anjos. E, não raro, o seguidor de Kardec, igualmente desiludido, aflige-se por não se projetar nas colônias radiosas e felizes a que se julga no direito de habitar.

O culpado não se vê sob o julgamento de um júri divino, mas perante o tribunal da própria consciência, a colher os tormentos que semeou para si próprio. Aquele, no entanto, que se empenhou com afinco na retidão moral e no cumprimento do dever não se acha dispensado do permanente esforço na aquisição dos valores eternos que ainda nos faltam conquistar.

O enfadado de palmilhar as longas vias do progresso, à espera do pouso seguro onde estacionar, depara-se com uma morada de limites imprecisos nas incomensuráveis paisagens da criação, a qual lhe suscita continuar sua fatigante jornada. Logo, porém, lamentar-se-á, ao descobrir que não se encontra no lar definitivo da alma. E, decepcionado, certificar-se-á de que a insólita esfera do Além não é o princípio e o fim de nossas vidas, porém igualmente transitório mundo destinado unicamente a nos conduzir para a realidade suprema, da qual nos achamos demasiado apartados.

O que anseia pela liberdade surpreende-se ante a sutileza do novo corpo que nos envolve o ser, facultando-nos ampla capacidade de movimento. Não obstante, constrito, em breve, verá que permanece atado às coordenadas do mesmo relativo que o retinha na carne. E, condoído, comprovará que o traspasse não nos livra da prisão das formas e das amarras do tempo e do espaço. A evasão decisiva ainda se acha muito longe de nossas atuais possibilidades.

Quem, exausto, espera a morte para gozar o prometido repouso, desaponta-se ao antever a extensa oficina de trabalho que o aguarda, a exigir-lhe ingente empenho na faina em prol de si mesmo e da nova comunidade que o acolhe. Entretanto, aquele que já se convenceu das realidades da dimensão espiritual espantar-se-á ao ver-se ainda mais comprometido em sobejos serviços, a convocá-lo a responsabilidades e compromissos sobremodo maiores do que aqueles que lhe caracterizavam a lide na carne.

O orgulhoso erudito da Terra se abate ante os ainda mais intrigantes mistérios da criação, reconhecendo a falácia de sua inteligência para explicar Deus e o Universo. Destarte, o estudioso sincero que se nutriu com o mais genuíno conhecimento espiritual terminará por constatar, acabrunhado, a evidente incompletude do saber que nos serve, até então insuficiente para nos iluminar plenamente a razão, ainda turvada por significativa ignorância.

Sim, irmão, o fato iniludível é que a passagem pelo túmulo é simples mudança de estação de viagem e não representa o fim da jornada do espírito. Prosseguimos na laboriosa reconstrução de nós mesmos, e ainda mais ansiosos por atingir a suprema glória para a qual fomos criados.

A morte não nos faz sábios e, ao contrário do que pensa o senso comum, continuamos premidos por muitas dúvidas a respeito de nós mesmos e do vasto mundo em que vivemos. E torna-se evidente que os preceitos que amealhamos até o momento, mesmo na esfera que habitamos, não foram o bastante para nos favorecer com a terminante libertação, a qual nos anunciou o Cristo.

Ainda não conhecemos, portanto, a verdade absoluta que nos emancipará definitivamente dos porões relativistas em que nos demoramos. Assim, não podemos estacar ante o acervo de conceitos que ora nos abastece os alforjes da alma. Se muito nos favoreceram as sobejas revelações que o Alto já nos presenteou, elas não nos propiciaram a ciência absoluta, uma vez que não atingimos a condição necessária para absorvê-la em sua incalculável amplitude. Por isso, em todos os tempos, as vozes do Além acompanham-nos o zingar pelos mares da vida, cuidando sempre de renovar as nossas verdades, embora, por vezes, relutemos em seguir-lhes o inestancável progresso.

Adamastor acha-se entre aqueles que se viram na obrigação de voltar ao plano denso a fim de auxiliar-nos na aquisição da sabedoria que redime, abordando novos e surpreendentes ângulos da realidade, indispensáveis para fazer-nos avançar na real compreensão do Evangelho. Encontrando uma via de acesso facilitada para transmissão de suas ricas lições, ele faz irradiar as luzes das esferas superiores, de onde se nutre, na oficina de redenção humana, iluminando-nos a renitente insipiência.

Sigamo-lo, na certeza de que carecemos permanentemente ampliar conhecimentos que nos facultem alcançar as últimas e redentoras verdades, carreando-nos para as portas do Infinito, onde Jesus nos aguarda.

Então, amigo, é com inusitada alegria que te convidamos a fixar a máxima atenção nas ilações de Tabernáculo Eterno, propiciando-te adentrar um diferenciado panorama da verdade que nos libertará definitivamente das algemas da dor, do mal e da inferioridade em que ainda nos estacionamos.

Paz sempre,

Bezerra de Menezes

Belo Horizonte, janeiro de 2007

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