Senda Redentora - Resenha

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A história pregressa de Santos Dumont recebe nessa obra novo acervo de informações, trazendo-nos pormenores de encarnações anteriores às descritas no primeiro trabalho do mesmo autor, Ícaro Redimido. Ao descrever-nos sua participação na epopeia dos monges-templários e das Cruzadas, demarca-se o início de todo o drama em que o grande inventor se envolveu com os demais personagens apresentados no romance inicial de Adamastor.

O livro ressalta, no entanto, a história de Heitor, a partir do século XII. Assim, enquanto Ícaro Redimido retrata o drama recente de Santos Dumont, e Tabernáculo Eterno nos traz uma autobiografia de Adamastor, Senda Redentora descreve as vidas passadas do cardeal da Cunha, nosso mesmo Heitor de hoje. Completa-se dessa forma toda a trama iniciada no primeiro livro, constituindo-se uma perfeita trilogia romanceada.

Ao recompor os cenários onde se desenvolveram os dramas iniciais de nossos personagens, o livro agrega também interessante aporte à misteriosa saga dos Cavaleiros de Cristo, junto com retalhos da história das Cruzadas, sob os olhos de quem as observa do outro lado da vida.

Importante Espírito até então não mencionado nos romances anteriores evidencia-se nesse novo enredo: o Irmão Francisco, que agora divide com Heitor o papel de mentor dos estudos apresentados. Embora designado por nome não usual entre nós, em respeito a seu desejo, a detalhada descrição de sua última encarnação permitirá a muitos identificá-lo, pois se trata de entidade de renome entre os espíritas mineiros. Certamente, destarte, todos se enriquecerão com os novos informes aqui ofertados, sobretudo o relato de suas existências pretéritas.

O livro segue nitidamente um duplo roteiro. Segundo o estilo do autor espiritual, uma parte romanceada, desenvolvida em 15 capítulos, e tecida em colóquios recheados de lições, compõe nada mais que um cenário condutor da leitura. Roubando as cenas, por vezes dramáticas, e interrompendo os relatos históricos, derrama-se nesse palco um conteúdo teórico, em forma de palestras efetuadas pelo irmão Francisco no plano espiritual e transcritas pelo autor nos 15 capítulos restantes. Verdadeira síntese filosófica da realidade fenomênica, esses capítulos, seguramente outro livro, representam a essência da obra. Temos, portanto, dois livros em um, justificando-se assim seu expressivo número de páginas.

A profundidade dos temas abordados leva-nos a compreender que temos em mãos uma lídima introdução à Ciência do Evangelho, referta de conceituações teológicas e mesmo científicas. Aclara-se, portanto, que esse trabalho não se direciona àquele que pretenda nada mais que preencher horas vazias, mas, sobretudo ao estudioso disposto a avançar no entendimento de Deus e Sua Criação. Seu tema fundamental, como lhe indica o título, é uma análise de nosso roteiro evolutivo, do cerne atômico ao Reino do Espírito Puro. Por isso podemos dizer que Senda Redentora é um estudo romanceado da evolução, sob um enfoque monista, norteado essencialmente pelas luzes da Boa Nova do Cristo.

A técnica pedagógica utilizada é a do desenvolvimento paulatino de conceitos, os quais, depois de enunciados, são acondicionados em diálogos instrutivos que os repassam, exaltando-se seus principais conteúdos. Ao mesmo tempo em que o enleio romanceado da obra permite-nos momentâneo repouso do psiquismo, ele exibe o lado prático dos ensinamentos ofertados, propiciando-nos observar como a Lei redentora atua na jornada humana.

Ao término da leitura dos três tomos inspirados por Adamastor, percebemos com exatidão que o principal escopo do autor espiritual foi estabelecer para o estudioso um ambiente psíquico propício ao desenvolvimento do tema principal, a sobressair-se de sua extensa dissertação: a queda do espírito. Esse é seguramente o eixo de toda sua trilogia, com suas graves consequências, suscitando-nos assim uma revisão doutrinária de tudo que até então aprendemos da Codificação espírita básica, jungindo-a com maior perfeição à Boa Nova do Cristo. Não simplesmente com o fito de contrapor ou questionar princípios já por muitos estabelecidos como verdades irrevogáveis, mas, sim, auxiliar-nos na mais rápida libertação de nosso longo cativeiro na matéria.

Gilson Freire, verão de 2010

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