Centros Vitais

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Como sabemos, o perispírito, além da matéria extrafísica que o entretece, possui poderosas energias, responsáveis pela sua integridade e funcionamento, energias estas administradas pelo espírito, o nosso ser eterno. A semelhança de qualquer corpo percorrido por energias, o perispírito, imantado por essas energias, irradia em torno de si um campo de natureza biomagnética, que é a aura ou psicosfera. Esse campo energético, no entanto, não é homogêneo, pois a energia se concentra em determinados pontos, denominados centros vitais ou chakras. Os centros vitais são, portanto, fulcros de natureza energética, componentes essenciais do perispírito, onde se concentram forças de natureza espiritual, formando verdadeiras usinas biológicas, que influenciam o funcionamento não só do perispírito, como também do corpo físico.

Nos pontos em que incidem, esses centros vitais promovem a formação de complexas unidades celulares, tanto no corpo perispiritual quanto no físico. No corpo físico, esses locais são chamados de plexos, pela proliferação de verdadeiros emaranhados de redes nervosas. Por isso, muitas vezes, o termo “plexo” é usado também como sinônimo de centro vital.

André Luiz define essas usinas de forças como “centrais elétricas do perispírito, onde as energias do pensamento circulam e se concentram”. São, então, estruturados em “matéria mental”, e portanto, sem nenhum substrato físico conhecido.

Os antigos videntes que notaram essas curiosas formações luminosas no corpo sutil do homem chamaram-nas de chakras, termo oriundo do sânscrito que significa simplesmente “roda”, e assim foram denominados em decorrência da aparentarem um círculo com raios de luzes. Vistos lateralmente, têm a forma de um sino achatado, com sua boca voltada para fora do corpo. São em número de sete e denominados segundo a sua forma e localização, como centro coronário, cerebral, laríngeo, cardíaco, esplênico, gástrico e genésico.

Quanto mais importante, mais complexos são, possuindo maior número de raios. E são ainda interligados por correntes de energias, verdadeiros canais de tráfico de forças, que se identificam como os chamados meridianos da medicina chinesa.

Os centros vitais refletem diretamente a condição do nosso pensamento e de nossas emoções. Podem se perturbar, em decorrências dos diversos hábitos de nossa vida mental e emocional, sofrendo desgastes e transmitindo suas perturbações para o corpo físico, originando uma série de desequilíbrios e enfermidades, identificáveis ou não pela medicina terrena. São ainda sede de ação de entidades, pois através deles se pode influenciar, benéfica ou maleficamente, todo o funcionamento do nosso complexo organismo e até mesmo alterarem o nosso estado emocional.

Naturalmente que não podemos considerá-los autônomos, imputando, como fazem muitos, as determinadas desordens que promovem aos seus próprios funcionamentos deficientes. Eles estão subordinados às ordens que recebem diretamente do espírito, transmitindo-as ao perispírito e ao corpo físico. Foram construídos ao longo da evolução, no obra dos milênios, e acompanham o perispírito, de encarnação para encarnação. Segundo André Luiz eles são exteriorizáveis do corpo físico e deixam-no definitivamente com a morte deste, acompanhando o perispírito, ao qual pertencem. E de acordo ainda com o sábio instrutor espiritual, eles podem ser acometidos de desequilíbrios hiper ou hipodinâmicos.

O passista deve conhecê-los, pois frequentemente necessitará direcionar as suas energias para um determinado centro vital, particularmente necessitado de suporte energético. Por isso, seu estudo está, de modo geral em nossa doutrina, veiculado aos cursos de passes.

Vamos resumir, para o estudioso do espírito, as principais características de cada um desses centros vitais, em ordem decrescente de importância. Importa-nos conhecê-las, ainda que resumidamente, a fim de aproximar-nos um pouco da complexidade que os constitui:

Centro coronário

Assim denominado por ter a forma de uma coroa. Corresponde, na visão ocidental, às auréolas dos santos e dos anjos, impressos nas pinturas de todos as artistas que o retrataram. Possui 970 radiações, sendo por isso chamado de “lótus ou flor de mil pétalas”. Tem 12 radiações centrais.

Instalado na região central do cérebro, é a sede da mente e assimila os estímulos e as correntes de energias oriundas tanto de planos superiores quanto de nossa própria consciência, servindo-se para a orientação das formas, dos movimentos corporais, da estabilidade e do nosso funcionamento orgânico geral. E atua, naturalmente, em nosso estado de encarnado ou desencarnado. Ele sustenta diretamente as células nervosas cerebrais que recebem o pensamento, oriundo do espírito. Por meio dele ainda, o espírito supervisiona os demais centros e controla o funcionamento de todo o organismo. Fazendo conexão direta com o tálamo, podemos dizer que é por seu intermédio que nossa consciência se manifesta na carne, fazendo desse importante núcleo cerebral uma verdadeira central de processamento de dados, oriundos tanto de nossas elaborações conscienciais quanto dos estímulos que nos chegam do meio externo. Por meio de seu estreito vínculo com a epífise, participa também diretamente do fenômeno mediúnico. André Luiz referindo-se a esse centro o define como “fulgurante sede da consciência”, provedor de todos os recursos biomagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica e ao sustento da vida.

Consideram os estudiosos que nossos pensamentos, sentimentos e atos negligentes, do ponto de vista moral, podem afetar o seu funcionamento. O materialismo excessivo, a falta de fé e de confiança no sustento divino, uma vida desregrada, bem como o excesso de racionalismo e o pessimismo podem promover desgastes e contaminações nesse centro vital. Como consequência dessa desvitalização, poderemos experimentar estados depressivos, insônias, perturbações do pensamento e até mesmo distúrbios psiquiátricos.

Centro cerebral

Possui 96 raios e se projeta na fronte, um pouco acima e entre as sobrancelhas, tendo por isso sido chamado de “3ª visão”. Coordena os aproximados 200 bilhões de neurônios que possuímos e as incontáveis conexões entre eles, de que compõe o nosso intricado sistema nervoso, tanto central quanto periférico. Governa o córtex cerebral e toda a inervação aferente que sustenta os órgãos dos sentidos, o sistema endócrino, visceral e muscular, influenciando ainda todos os demais centros vitais e órgãos do corpo.

É responsável, assim, pelo movimento, sensibilidade nervosa, equilíbrio, sustento metabólico e o funcionamento visceral e automático do corpo físico.

O trabalho intelectual excessivo, a falta de repouso e de sono, as emoções negativas, como a raiva e a mágoa, podem comprometer o bom funcionamento desse centro vital. Além de promoverem perturbações bem próximas das designadas para o centro coronário, podemos agregar as cefaleias crônicas, a insônia, dificuldade de concentração e memória, os estados de ansiedade e tanto a hipo quanto a hiperatividade.

Centro laríngeo

Situado na região das tireoides, possui 16 raios. Responsabiliza-se pelo sustento vibracional dos órgãos da respiração, fonação e o funcionamento das glândulas tireoides e paratireoides.

Informam-nos os estudiosos que a dificuldade de verbalizarmos nossos sentimentos, o uso excessivo da voz e o hábito de proferir palavras ofensivas aos outros são as principais causas de suas injúrias. E vale ressaltar que o vício do fumo, além de perturbar seriamente a vida e o trabalho das delicadas células que zelam pelo nosso aparelho respiratório, contamina também esse centro vital. E seu mau funcionamento reflete-se em todos os órgãos respiratórios e adjacências, como as pregas vocais, as glândulas tireoides e paratireoides, a árvore brônquica, os alvéolos pulmonares, bem como os seios nasais, faringe, boca e amigdalas, principalmente.

Centro cardíaco

Possuiu 12 radiações, situando-se na região cardíaca. Coordena as funções do coração, a circulação e a emotividade. Guarda relação com as manifestações de simpatia entre as criaturas, prestando-se à doação e recepção das energias provenientes da afetividade. Por isso, pode ser afetado pelo ódio recíproco, o ressentimento, o ciúme e a inveja, sendo alimentado pelo amor verdadeiro. Sofre, assim, a influência das grandes paixões da alma e por esse motivo um ataque de raiva pode nos aniquilar e um gesto sincero de amor, salvar-nos.

Seu funcionamento inadequado leva a todo o rol de doenças cardíacas, bem como a hipertensão arterial. A rudeza de sentimentos, a impiedade e a mágoa são seus maiores contaminantes. Sendo, naturalmente, os sentimentos opostos seus maios importantes sustentáculos.

Centro gástrico

Acoplado junto à região do estômago, tem 10 radiações. Pela sua coloração intensamente amarelada, os videntes o viam como se fora um sol, e por isso foi chamado também de chackra solar. E pela sua posição é ainda denominado chackra umbilical.

Preside as funções da digestão e da absorção dos alimentos. Absorve ainda as energias de natureza espiritual que acompanham os alimentos, próprios deles, ou que lhes sejam impregnados por quem os prepara. Devido à sua grande capacidade de assimilação, é a porta do perispírito, por onde é permitida facilmente a entrada de vibrações de qualquer natureza. Aproveitando essa sua peculiaridade é que o passista comumente dirige a sua mão para esse centro, veiculando com facilidade as suas energias curadoras, que assim serão distribuídas para todo o organismo, se ele não recebe a intuição de dar apoio direto a outro centro vital.

É um centro que recebe boa parte de nossas emoções, negativas ou positivas. Por exemplo, a raiva, a ansiedade e o medo são capazes de impregnar-se em suas delicadas malhas, perturbando seu bom funcionamento, trazendo, como consequência, distúrbios orgânicos diversos, entre ao quais se destacam a gastrite, a úlcera péptica e a síndrome do colo irritável. Facilmente perceberemos o efeito direto dessas emoções sobre esse centro vital, ao experimentar aquele “frio na boca do estômago” de que somos acometidos nos momentos de temor ou de intensa ansiedade. Dizem os estudiosos que nossos desejos não satisfeitos, a intolerância, a inflexibilidade do caráter podem também prejudicá-lo. No entanto, destacamos que nossos abusos à mesa, frutos de comum e desenfreada gula, a ingestão de alimentos saudáveis e de tóxicos, como o álcool, por exemplo, certamente são os principais fatores que desencadeiam seus desequilíbrios. Já o controle das emoções, a supressão da ansiedade e do medo pelo cultivo da confiança e da fé, a prece antes de alimentar, são fatores que o acalmam, preparando-o melhor para seu importante trabalho de nos manter no exercício da vida.

Centro esplênico

Configurando-se com seis radiações, tem sua sede no baço e desempenha as mesmas funções desse órgão, cujo papel está intimamente relacionado ao nosso sistema linfático. Cuida, assim, da nossa defesa orgânica, sustentando a cadeia celular do sistema imunológico. No entanto, contribui ainda essencialmente com o sistema hemático, pois ele distribui suas energias vitais para os elementos do sangue, vitalizando cada um de seus componentes. As hemácias, as células do sangue, ao passar por ele em fila indiana, recebem seus “pacotes de energias vitais”, os quais não somente as dinamizam como são por elas distribuídas aos diversos rincões do organismo. Portanto, devemos a esse centro de força toda a vitalidade que impregna o nosso sangue.

Centro genésico

Último e menor de nossos centros vitais, está acoplado à região genital e tem somente quatro radiações. Modelador das formas, movimenta energias criadoras do espírito, preside a fecundação e o desenvolvimento embrionário no processo reencarnatório. Sustenta ainda todos os órgãos do aparelho urinário, como rins e suprarrenais. Tendo sua abertura voltada para baixo, absorve as energias irradiadas da terra, que os hindus chamam de kundaline. Presta-se também ao equilíbrio da emotividade de natureza sexual e das trocas afetivas.

Facilmente se conclui que o uso inadequado da sexualidade, com todas as aberrações a abusos a que nos permitimos nas trocas genésicas é o maior responsável por todos os seus danos.

Conclusões

O ser, que ainda não sabe viver no equilíbrio, ao longo dos séculos, tem promovido intensas perturbações e sobrecargas aos centros vitais, com consequente comprometimento de sua saúde, tornando-se o desequilíbrio dos centros vitais, uma importante causa de enfermidades físicas e perispirituais do homem. É, no entanto, nos centros laríngeo, gástrico e genésico que essas perturbações incidem com mais evidências, pelo desenvolvimento dos grandes vícios da linguagem ferina, pelo desejo exasperado de emoções da sexualidade mal direcionada e pelos abusos dos prazeres da mesa, que ao longo dos séculos tem nos caracterizado na jornada evolutiva. Devemos investir em uma vida moderada, eivada de equilíbrios nestes aspectos, a fim de evitar esses desgastes tão prejudiciais.

E, finalmente, devemos lembrar que, além dos vícios, a maldade contra os outros ou contra nós mesmos é o grande veiculador das lesões dos centros vitais. Cuidemos da prática do bem, acima de tudo, a fim de conquistar o equilíbrio e a saúde que todos almejamos.

Belo Horizonte, novembro de 2003

Gilson Freire